quarta-feira, 19 de setembro de 2012

45º Festival de Cinema


Foto: Bruno Azambuja
Casa cheia e algumas críticas ao secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira, marcaram a abertura da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizada nesta segunda-feira (17), no Teatro Nacional Cláudio Santoro. A noite contou com uma homenagem a Paulo Emílio, um dos idealizadores do evento mais antigo da sétima arte, e com a exibição do longa-metragem A Última Estação, dirigido por Márcio Curi, outro homenageado da cerimônia.

Ao subir ao palco para fazer o discurso que dá início às atividades, o poeta tocantinense e chefe da pasta de Cultura do GDF recebeu algumas vaias de um grupo na plateia. Após fazer as tradicionais declarações na sala Villa-Lobos, um integrante do grupo que o vaiou reclamou em alto e bom som: “Não desvie as verbas do FAC”, referindo-se ao recente contingenciamento de verbas para o Fundo de Apoio à Cultura, que gerou uma revolta na classe artística da capital federal.

O longa-metragem de Márcio Curi dividiu as mais de 1300 pessoas presentes à cerimônia. Em 113 minutos, a coprodução Brasil - Líbano faz um resgate histórico da trajetória de imigrantes libaneses nas terras tupiniquins, durante a década de 1950. A promessa do diretor era de apresentar uma narrativa sensível e bem humorada sobre aquelas pessoas que desembarcaram no país acreditando em um futuro melhor. “Tem uma fotografia elaborada. No enredo da história, tudo é muito bem entrelaçado. Acho que o cinema nacional está cada vez mais elaborado, mais criativo e, cada vez mais, com qualidade”, opinou o empresário Pedro Camargo, 25 anos.

Entretanto, há quem tenha se frustrado na expectativa. “É um filme bacana. Nem uau, nem ruim. Tem uma fotografia muito bonita, mas faltou aprofundar na história dos personagens”, ponderou o cineasta recém-formado, Pedro Valente, 23 anos. Opinião também compartilhada pela engenheira florestal Vanessa Bozzi, 23. “Sinceramente, não achei tão bom. O roteiro é previsível. Podia reduzir uns 20 minutos de filme”, afirma.

O elenco de A Última Estação conta com atores libaneses, como Mounir Maasri, que dá vida ao protagonista Tarik, e com nomes já consagrados na capital, como Chico Sant’Anna, Sérgio Fidalgo, Iberê Cavalcanti e a estreante Klarah Lobato. A exibição do longa vem também como uma espécie de redenção do FBCB aos brasilienses, pois, nesta edição, apenas um curta do Distrito Federal foi selecionado.

Na opinião de Marcio Curi, que é descendente de libaneses imigrantes, ainda é cedo para saber a opinião do público, mas o filme conseguiu comunicar. “A sensação é que foi uma receptividade boa. Senti as pessoas rindo na hora certa. O filme conseguiu se comunicar. Nada é mais importante se tocou o coração das pessoas”, analisa.

A produção ainda não tem estreia marcada, mas, de acordo com o diretor, a previsão de lançamento é para dezembro de 2012. “Temos um compromisso com a Mostra Internacional de São Paulo. Ele não pode ser exibido antes, mas vai entrar em circuito comercial”, disse o Curi.

Fotos: Bruno Azambuja
A cerimônia de abertura foi apresentada pela atriz Bidô Galvão e por Murilo Grossi, ator brasiliense que, na ocasião, fez uma performance em homenagem ao crítico e fudador do FBCB, Paulo Emílio. “O pior filme brasileiro é melhor do que qualquer filme estrangeiro. Viva o cinema brasileiro”, disse o aplaudido ator, após descer as escadarias do Teatro Nacional, declamando uma ode a Emílio.

A noite contou também com apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, sob a regência do maestro Cláudio Cohen. O vencedor do prêmio de Melhor Trilha Sonora na última edição, Patrick de Jongh, foi o convidado da noite. Ele também assina a trilha sonora do filme A Última Estação.

Entre os presentes, o cineasta Vladimir Carvalho e Ney Matogrosso, que terá sua vida e obra retratada no longa de Joel Pizzini, Olho Nu. A produção compete na categoria documentário.

Mostra competitiva

Nesta terça-feira (18), inicia-se a mostra competitiva. Este ano, além de ser excepcionalmente realizada no Teatro Nacional (por causa da reforma do Cine Brasília), ela vem em novo formato para poder agregar as novas mudanças do FBCB, como a criação da categoria exclusiva de documentário.

No primeiro dia da competição serão apresentados, a partir das 19h, o curta Câmara escura, de Marcelo Pedroso (PE), e o longa, Um filme para Dirceu, de Ana Johann (PR). A partir das 21h, será exibida a Mostra competitiva Ficção e Animação. Linear, de Amir Admoni (SP), Canção para minha irmã, de Pedro Severien (PE) e Eles voltam, de Marcelo Lordello (PE), são as atrações da maratona cinematográfica. 

Site Candango - Texto: Bárbara de Alencar

Nenhum comentário:

Postar um comentário